É bastante perceptível a forma como a tecnologia é capaz de interagir
com o corpo humano. Há quem diga que a relação mente-máquina futuramente pode
deixar de ser mera ficção científica. Como seria se pudéssemos conectar
diretamente as informações ao nosso cérebro? Seria algo parecido com um pen
drive, fato não muito pensável em ser um dia considerado realidade. Porém, alguns cientistas acreditam que na
atualidade existem mecanismos que chegam a se assemelhar com tal ficção.
Dispositivos implantados no ouvido interno,
capazes de estimular diretamente os neurônios do nervo auditivo ou implantados
de forma direta nas áreas acústicas relevantes no cérebro, são claramente meios
de comunicação e conexão de um cérebro humano com um computador através de
microeletrodos implantáveis. Outro caso são os de deficientes
visuais que integram painéis de microeletrodos em sua retina. Esses eletrodos
recebem os sinais de câmeras sem fio acopladas aos óculos, e depois os
transmitem diretamente para os neurônios do nervo ótico. Dali chegam ao córtex
visual primário, situado junto à nuca. Os sistemas que foram testados têm uma
resolução muito parcial, mas já é o suficiente para ajudá-los a diferenciar
algumas formas de objeto e desviar de obstáculos na rua, por exemplo. Mas, os
cientistas já estão testando versões que se conectam diretamente às áreas
visuais do córtex cerebral.
A estimulação profunda do cérebro (“deep brain
stimulation”, ou DBS, em inglês) já foi utilizada em cerca de 30 mil pacientes
de Parkinson no mundo. Um pequeno computador subcutâneo envia sinais
elétricos para eletrodos implantados profundamente no cérebro, para estimular
os núcleos afetados pela doença. E ainda há estudos muito avançados seguindo a
ideia de que os sinais cerebrais sejam usados para movimentar pernas ou braços
mecânicos. A neurociência tem avançado progressivamente junto com a
miniaturização dos sistemas eletrônicos, que estão tornando possível a conexão
de componentes técnicos às estruturas cerebrais. Pesquisas feitas em macacos
demonstram reações positivas na estimulação de neurônios. Entretanto, sabe-se
que o resultado surge por coincidência, ou seja, são estimulados, por exemplo,
18 neurônios ao caso e não forçadamente, que o permitem realizar as atividades.
Mas há uma questão delicada quando se trata de
experimentos. Fazê-los em animais ou pessoas paralisadas não é algo bem
garantido. Um ser humano normal e saudável seria o mais indicado para servir de
cobaia, porém, a segurança deve ser o fator primordial. Se as estimulações
ocorrerem ao acaso, será muito perigoso movimentos involuntários surgirem do
nada e executar certas ações. Nestes casos, seria culpa do computador ou do
cérebro? Além do mais, existem os riscos cirúrgicos que podem causar danos
cerebrais, o que não compensaria os benefícios hipotéticos da pesquisa.
E então, que solução a ciência tecnológica deve tomar?
Diante de vários projetos inovadores contrastando com valores éticos que os
proíbem utilizar humanos-cobaia, o que deve ser feito para que haja
desenvolvimentos sem experimentos concretos? Apesar dos impasses, muitos
dependem destas ideias tecnológicas e, seja qual for a solução, existem milhões
de pessoas que apostam nestes estudos e torcem para que os cientistas consigam
encontrar uma solução para seus problemas.